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   Sempre fui apaixonado por esportes. E sempre procurei viajar para lugares em que pudesse combinar turismo com algum evento esportivo. Foi assim que me maravilhei com a cultura chinesa nas Olimpíadas de Pequim, conheci uma África muito mais desenvolvida do que imaginava na Copa do Mundo da África do Sul, perdi dinheiro nos cassinos de Mônaco depois da Formula 1, aproveitei a balada de Nova York após um jogo da NBA, Champions League, NFL e por aí vai.

 

   No ano passado, eu e minha namorada tivemos a ideia de viajar também para lugares em que deixaríamos de ser expectadores de eventos esportivos e nos tornaríamos protagonistas. Foi assim que decidimos nos inscrever na Two Oceans Marathon, em Cape Town, conhecida como a maratona mais bonita do mundo. A Two Oceans tem duas provas – a meia maratona, de 21 km, e a ultra maratona, de 56 km. Na verdade, como descobrimos depois, o título de maratona mais bonita do mundo é da ultramaratona, com um percurso que começa no centro de Cape Town e passa pela costa dos oceanos Atlântico e Índico, passando pelos 9 km da Chapmans Peak - uma das mais espetaculares estradas costeiras do mundo, a 593 metros de altitude com vistas incríveis de Hout Bay.

 

   Mas mesmo para aqueles que, como nós, correram a meia maratona, a prova é realmente sensacional. Belas paisagens por todo o percurso, gente do mundo todo, de diversas idades e o mais importante: com muito bom humor e altíssimo astral.

 

   Chegamos na largada à noite e bem sonados, já que o início da corrida estava marcado para às 6h da manhã. Mas logo o sono passou e começamos a entrar no espírito da prova, que não é de competição, mas de uma grande festa. Foi no aquecimento que encontramos um senhor de 80 anos que iria correr a sua 23ª ultramaratona! Aí, então, começamos a perceber que a Two Oceans é mais do que uma corrida, é um evento, um modo de vida, um desafio de superação e alegria para muitos.

 

   O início da prova não é dos melhores. Os primeiros 8 km é realizado em ruas muito estreitas o que faz com que aqueles que largam no pelotão de trás, como nós, praticamente tenham que andar essa parte. Depois disso, começam as subidas. Tem muita subida na prova. Mas vale a pena porque você sobe admirando a famosa Table Mountain, para mim, uma das montanhas mais espetaculares do mundo. Durante o percurso vimos de tudo. Pessoas fantasiadas, algumas somente andando e os idosos, ah os idosos... No fim da corrida conhecemos a Dona Ruth, uma suíça de 79 anos que correu os 21 km em menos de 3 horas e que estava, na chegada, tomando uma cerveja. Fomos conversar com ela, que nos contou o segredo da juventude: “Eu sempre bebo uma cerveja. Pelo menos uma por dia”.

 

   Depois da subida, além do alívio físico, a paisagem é simplesmente sensacional. Você passa por áreas residenciais bem arborizadas e depois em espaços abertos. E, ao olhar para baixo, bem no momento do nascer do sol, avista o mar. Tudo isso rodeado de gente que também acorda cedinho para assistir e incentivar os participantes.

 

   Tínhamos como objetivo fazer a prova em 2 horas. Mas a falta de disciplina nos treinos por causa do trabalho, aliado ao início extremamente congestionado e às subidas, nos fizeram ultrapassar em 15 minutos a nossa meta. Mas não nos sentimos fracassados nem por um minuto. A sensação de que havíamos cumprido nosso objetivo e passado por esse experiência inesquecível fazia com que, na verdade, nos sentíssemos vencedores. De todo modo, valeram os emails de cobrança do “professor” Ricardo Hirsch, sem os quais provavelmente não teríamos conseguido completar a prova.

 

   Finalmente, a chegada. A chegada é em frente à UCT, University of Cape Town, ao pé da montanha em um lugar sensacional e extremamente animado. Ficamos por lá em uma área reservada para os participantes internacionais bem em frente à linha de chegada, tomando uma cerveja, assistindo à chegada da ultramaratona e planejando já a nossa próxima aventura. Em julho, faremos o Triathlon de Londres e, para o ano que vem, acreditem, estamos pensando em fazer a Meia Maratona da Antarctica!

 

   Valeu Personal Life. Valeu Hirsch. Continue com as cobranças que chegar, eu chego, não importa o tempo. O que vale, como diz um amigo, é a medalha no peito e a foto na parede. E eu acrescento: a experiência na memória!

 

Leonardo Bruno

A  "MARATONA"  MAIS  BONITA  DO  MUNDO

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